Descartados de forma irregular, pelo menos 70 galões de óleo lubrificante estão poluindo as margens do canal São Gonçalo, em Pelotas, próximo à ponte desativada para Rio Grande. O resíduo, altamente tóxico para o meio ambiente, está próximo da área de depósito de material inerte da Ecosul, mas, segundo a empresa, o ponto em questão está fora da sua zona de domínio, pertencendo a uma propriedade privada. Por enquanto, apenas a Ecosul foi notificada pela Secretaria do Meio Ambiente de Rio Grande para prestar esclarecimentos.

Encontrados tanto dentro do canal como em trechos da estrada, o resíduo já concede, até mesmo, aspecto gorduroso à água naquele ponto. Na embalagem de um dos produtos é possível conferir, ainda, as orientações de como descartar corretamente o material e o alerta de que, caso isto não ocorra, há risco de contaminação da água e do solo devido à presença de metais pesados.

Ciente da situação através de uma vistoria de rotina, a Secretaria do Meio Ambiente de Rio Grande informou que, devido à presença de uma placa da Ecosul nas proximidades, acabou notificando a empresa em busca de respostas ainda na semana passada. Segundo o secretário Sandro Miranda, a equipe está no aguardo da resposta para tomar as providências, que podem incluir a aplicação de multa que varia de R$ 5 mil a R$ 10 milhões, conforme o dano.

Procurada pela reportagem, a Ecosul afirmou, através de sua assessoria de imprensa, que desconhecia a situação e que ainda não recebeu qualquer notificação das autoridades. Também declarou que esta não é uma prática condizente com sua política. Uma equipe enviada ao local para averiguação constatou que a área está fora do espaço de responsabilidade da empresa, o que será repassado às autoridades.

O dano é de todos
Segundo o professor de Meio Ambiente da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), José Antônio Weykamp da Cruz, o potencial poluidor de resíduos como o óleo lubrificante é intensificado pela presença de materiais pesados, como o chumbo, que se acumulam na água e no solo, contaminando alimentos e a quem consumi-los. 

Já a professora Carina Estrela, presidente da Comissão do Plano de Gerenciamento de Resíduos da UCPel, alerta para a prática da logística reversa, que prevê o retorno de todos os produtos, tais como embalagens de produtos contaminantes, aos seus fabricantes, prática que deveria ter sido empregada neste caso.

PENALIDADES
Multa varia entre
R$ 5 mil
e
R$ 10 milhões